sábado, 9 de janeiro de 2010

O pássaro lá fora, grita. Não é um canto, mas se fosse, seria um canto de tragédia. Seus gritos que lá ao longe nascem, vêm como pipas cortantes, entram pelas janelas, bagunçam toda a casa e seguem o seu caminho. Nunca ouvi um canto assim antes. Triste, melancólico e tão solitário. Os berros deste pássaro vêm do nada, quando querem, eu os ouço de manhã, ao entardecer, de madrugada. Há dias que não há nada. Mas o pássaro nunca para. Seus gemidos vêm pra mim, vêm lembrar de meus próprios gemidos calados, da minha própria solidão, da minha tristeza e melancolia. Vêm, para lembrar-me que também sofro. Para eu não esquecer das minhas dores. Podia querer matá-lo por tão triste me parecer, por tal tristeza me causar. Mas há nisso tudo uma grande alegria. Eu e o pássaro. Ser humano e ave. Animal e animal, como somos, compartilhamos da mesma angústia, sendo portanto menos sós em nosso canto, triste canto.

3 comentários:

Wilson Saraiva disse...

tipo, que arrasoOOoOooOo seu blog, que massa!parabens!

carneiro de fogo disse...

obrigada gato, volte sempre por aqui! ;D

Anônimo disse...

adorei esse blog tbém! qe arraso!