sábado, 5 de setembro de 2009

li algo sobre osho, osho nao é o nome dele, como se fosse um nome espiritual que os humanos dao.
eu cansei mesmo de palavras, nao sei se por alienação, as divindades do mundo nao me tocam, nem deus, nem jesus, nem osho, nem dalai lama, nada.
mas convivo bem com o humano caetano veloso, artaud, nietzsche.
odeio meditar, e eu ligo tanto pro meu lado espiritual, mas talvez nunca medite na vida, já tentei, nao consegui, mas nao é por isso que desisti, mas nao consigo ficar parada, tenho uma cabeça pra pensar, se nao nao teria cabeça pra pensar. de que me adianta conhecer as estrelas, fazer edificios, diminuir o tamanho dos celulares, se eu nao conheço o meu vizinho? se eu nao entendo o que passa na cabeça de um pedofilo? por que sou tao humana, e tao anti humanos? me ajoelho diante de humanos e ao mesmo tempo gostaria de poder mata-los com o meu olhar. eu sou um et?

me sinto terra, sinto a obliquidade da ecliptica
meu equador é meu umbigo, e mesmo assim..

'nada no mundo se volta para mim, dá voltas em mim.' AA

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A menina em sua penteadeira, penteia seus lindos cabelos negros, sorri ingênua e indiferente a sua feminilidade narcísica. Ela não me vê. Eu a desenho em câmera lenta, com seus pequenos pés que não tocam o chão, eles balançam e sua sapatilha cor-de-rosa brilha. A menina em sua penteadeira, sonha com bravos leões famintos e com homens maus, alguns a fizeram mal fisicamente, mas não é isso que a menina em sua penteadeira está pensando. Ela pensa em como seus cremes, perfumes e óleos cheiram bem e combinam com ela. Sua casa tem ursos de pelúcia, muitas coisas certas nos lugares certos, ela é limpa, quase como seus cabelos. A menina em sua penteadeira não faz mais do que se preocupar com sua própria beleza. E isso ela faz muito bem. É perfeita. A menina não tem um passado belo como ela, é um passado sujo e feio. Paro, subitamente, e penso, "mas uma menina não pode ter um grande passado". Súbito engano, essa menina tem mais de setenta anos. Pude perceber quando ela me olhou, pelos seus grandes olhos amendoados cheios de rugas.
Feminiilismo

Não aceitamos cartões de crédito.
Não cremos em nada másculo, mas assim somos.
Sabemos de nossa superioridade. Poucas de nós estão nas páginas da História, mas não inventamos a espada, o escudo, a guilhotina ou a espingarda.
Nossos milhões de neurônios não se concentram em nossos músculos.
Tiramos as melhores notas, nossas letras são mais bonitas e mesmo assim não ridicularizamos ninguém.
Não acreditamos quando dizem que ficaram até tarde no trabalho, mas mesmo assim cuidamos de seus filhos.
Guardem suas carteiras, somos nós que pagaremos a cerveja.
Beijaremos quantas pessoas quisermos, onde quisermos, como quisermos, quantas vezes quisermos. Nos chamarão de vadias, vacas, putas; sorriremos, não somos isso. Somos mulheres que amam demais, onde o amor transborda, e tem para todos!
Guardem seus carros, às oito vamos lhes buscar. Não chegaremos atrasadas, pois não nos preocupamos com a beleza exterior. Temos celulites, estrias, ficamos ruborizadas quando tímidas, temos bafo, gaguejamos, trememos e mesmo assim nossa auto-confiança os deixam inseguros.
Temos camisinha na bolsa e o batom está no lixo, somos nós que damos o tom, e este é rosa pink com glitter.
Segurem suas barbas e bigodes, não acreditamos em mais nada, somos feminiilistas, "saudosistas do futuro".
Juliana amava, sonhava com anjos e arcanjos, acordava e sentia cheiro de pétalas de rosas vermelhas. Seu amor era um príncipe disfarçado de homem. Um profeta disfarçado de poeta. Um heroi disfarçado de humano. Era belo como o amanhcer, tinha o cheiro da noite, vestida de dama-da-noite. Seus cachos pareciam caracois, seu olho parecia o mar inteiro e Juliana o amava.
Juliana traída, parou de sonhar, apenas via a imagem sendo concedida pela voz do anti-heroi. Ele a amava. Mas agora, Juliana apenas via naquela imagem o sabor do gosto de outro beijo que não era o dela. Teve nojo dele. Podia morrer ali, para não ter que ficar pensando no abraço, no tesão, nos suspiros e suores que outra tivera com o anti príncipe. Juliana foi traída, mas perdoou, pois Juliana o amava e ele a amava. Mas Juliana nunca esquecerá, do som, do cheiro, das cores daquela sequencia flechando sua cabeça. Mas Juliana, Juliana amava.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Olívia tinha olhos verdes e cabelos pretos, sua mãe era "dona do lar", "mesmo minha casa sendo alugada", seu pai era funcionário público, mais precisamente secretário de escola. Seu sonho era ser médica e conhecer a Austrália. Roberto era alto e forte, sua mãe costurava para fora, seu pai era faxineiro de uma grande empresa, "um dia eu vou ser o dono da empresa". Seu sonho era conseguir um novo vídeo-game e um DVD erótico com uma mulher do último BBB. Antes, Roberto puxava o cabelo de Olívia e ela batia nele com a régua. Hoje caminham de mãos dadas pelo pátio da escola. Há um corredor que dá de frente para um prédio, lá eles ficam observando um grande jardim e as pessoas que moram no edifício. Um dia observaram uma empregada limpando uma casa no terceiro andar. "Vai olhando e aprendendo pra quando a gente se casar". Olívia tristemente sorriu, temia que aquilo fosse verdade.
A língua é machista, o papa é machista, vovó é machista, papai é machista, Monalisa é machista, vestido é machista.
Se eu fosse homem, queria ser professor e no último dia de aula fazer cuzcuz, levar pratinhos, cortá-lo e dar para meus alunos. Saberia varrer a casa e costurar.
Se eu fosse mulher, não rasparia os pelos, não usaria jóias, não saberia cozinhar, nem costurar...
"Arre estou fartA de semi-deuses!", eu quero SEMI-DEUSAS