sábado, 16 de agosto de 2008

a um Anônimo

Bom, você praticamente me chamou de idiota que acredita em tudo o que vê, da próxima vez poder ser mais direto, mas eu acredito que seja o contrário. Se você acha que um lugar onde não existe direitos humanos é um lugar pacífico, ache, tem seu direito, assim como eu tenho o direito de pensar o contrário, e pra fins de saber mais sobre mim, não eu não acredito em correntes, e não retirei aquilo de e-mail, e sim de pesquisa, pois isso a Globo não divulga, não é mesmo!... Obrigada pela visita!
é um lindo dia, acordei com os pasarinhos cantando, e com o bebê da vizinha chorando. a vida se renova a cada dia. é um lindo dia, estou vendo o nascer do sol, ainda é cedo, mas já é dia, e por sinal, é um lindo dia, leio um livro e estou rindo um tanto com eles. esses dias vi uma reportagem sobre a arte de não ler, dizia que se nós não sabemos o que estamos lendo, seremos manipulados por aquilo que está escrito. talvez. mas prefiro tornar-me uma estúpida a não ler. é um lindo dia, ontem conversei com um cara que falava que era um vampiro, por um momento acreditei, pois seus dentes cerrados e sujos não mentiriam, mas, vez por outra sou lúcida, disse também que haviam lhe roubado sua camiseta preta-laranja escrito: welcome to the jungle. será que para ele era um lindo dia? essa pergunta crava , e o vazio a responde, por ele mesmo.
Às vezes , tento me livrar disso tudo. Inventar outra dor. Esse espaço de tempo em que minha alma tragou um corpo, venho aprendendo coisas boas. Sempre penso no futuro. O que será mais cômodo à mim, o que enfrentarei e os tombos que vou passar. Imaginar, muitas vezes é a minha única saída dessa coisa louca que vivemos e desse caminho que não é caminho e que caminho.
Quando me encontrar, não me julgue e não ponha um ponto final na nossa história. Eu posso me perder e se isso acontecer me dê a mão e me leve pra ver o sol nascer. Me beije com calma, feche os olhos e se entregue. Suspire. Não seja rude comigo, não me maltrate. Sou como a flor-de-lótus, aguenta tempestades, mas a um mínimo toque se desmancha. E serei sempre assim, não mudo. Não queira me mudar. Não deixe de fazer certas coisas por mim, porque certamente não deixarei de fazer certas coisas por você. Fidelidade é paixão pela posse. Não me chame de minha, mas me possua. Sempre que puder me faça rir, mas sempre que puder me faça chorar. Se eu gritar, grite comigo. Se eu te machucar, me machuque. Intensidade- é a minha razão, minha busca por tudo. Se me amar, só me ame intensamente. Viva comigo, dance comigo. Me queira, porque eu te quero. E eu não quero paz nos meus relacionamentos. Quero ação e reação sem regras. Somos tão inconstantes, e isso é o que mais me atrai em nós. Nós sem nós. Vamos olhar para trás e rir dos nossos erros, e errar de novo. Dessa vez juntos, meu amor, dessa vez eternos, dessa vez indiferentes, dessa vez sagazes e mentirosos.

Clarice Lispector

"Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias. Mas preparada estou para sair discretamente pela saída da porta dos fundos. Experimentei quase tudo, inclusive a paixão e o seu desespero. E agora só queria ter o que eu tivesse sido e não fui."

de "A hora da estrela"

terça-feira, 29 de julho de 2008

Sobre As Folhas (ou Barão Nas Árvores)

Contarei a história do barão
Que comia na mesa com seu pai
Era herdeiro primeiro dos currais
Mas gritou num jantar
"Não quero nada! Nada!"
Nesse dia subiu num grande galho
Nunca mais o barão pisou na terra

Passou anos e anos na floresta
Andou léguas e léguas sobre as folhas
Construiu sua casa feito ninho
Beijou sua mulher perto das nuvens
Um concreto bordado nas alturas
Com manobras de amor no precipício

Quando amanheceu entre dois prédios
De pastilhas brancas e tantos andares
Ficaste bem mais distante
A luz, a sombra, a luz, vermelha, da roupa, da aurora...

Soube nessa madrugada do homem
Que não quis os minérios do pai
E não quis os segredos farpados da mãe
Subiu numa planta, no alto da pedra
Bem perto daqui,
E ficou por lá.

cordel do fogo encantado*
O grito de esperança parou
Suspendeu no vácuo
Meu olhar acompanhou.
Foi-se embora
Levando meu frescor
Meu sopro de juventude
E todo meu amor.
Não, não pode supor.
Só aquele que se machucou
Aquele que se iludiu
Aquele que sentiu
Toda a felicidade
de ser um dia,
a própria esperança.

Sobre Homens de Julho

Na verdade homens de julho, não são homens, são pequenas estrelas cadentes que nos surpreendem num verão sem-sentido. Homens de julho são de todo amor e dor. E, se você de repente encontra um homem de julho, passará a ser amor também. Homens de julho são de ficar, olhando pro nada com seus olhos que ainda não estão maduros, mas são completos. E você pode se deitar no algodão doce que é um homem de julho. Homens de julho são simples como pedra e teimosos como o vento. Homens de julho cheiram um cheiro que lembra infância, muita pipoca e correria. Homens de julho fazem filmes e sabem de muitas coisas. Homens de julho são guias no escuro, mas têm tanto medo estando no claro. É quando essa estrela que é o homem de julho, vira menino outra vez e vai correndo pro seu colo como se você fosse uma deusa e soubesse de todas as coisas. Daí acompanhada de um olhar impressionante você mostra como as coisas são pequenas diante da felicidade que é ser um homem de julho. Então, ele se vira e faz uma cara linda, aquela que só homens de julho sabem fazer, aquela que só homens de julho sabem dar, muitas vezez não recebendo nada em troca. Homens de julho são dotados de uma inocente malandragem. Homens de julho te deixam secar de desejo, fecham os olhos e acham graça. São tão sutis como penas azuis e amarelas. Homens de julho te abraçam e não soltam, homens de julho não falam coisas certas nas horas certas. Homens de julho são um tanto quanto incorretos. Homens de julho são assim, e bem mais que isso. Mas, não posso falar muito sobre homens de julho, pois conheço poucos, na verdade, conheço apenas um. Homens de julho são iguais a férias, mais duram mais que um mês. Homens de julho misturados com mulheres de abril são pra vida toda. Homens de julho... Ah esse homem... E sse! Ah esse vento norte-sul que me leva e que me faz voar para além do arco-íris junto com o único homem de julho que conheço! O único e mais belo amor pra vida inteira!

domingo, 6 de julho de 2008

O governo chinês acusou em diversas ocasições o Dalai Lama de querer "boicotar" a realização dos Jogos Olímpicos, que começarão em Beijing em 8 de agosto. Desde 10 de março, protestos e enfrentamentos entre tibetanos e a polícia chinesa na cidade de Lhasa, capital do Tibete, deixaram cerca de 150 mortos, segundo o governo no exílio. Segundo o governo de Beijing, 20 pessoas morreram.

Em Beijing um ativista chinês de direitos da terra foi preso depois de ter colhido assinaturas para uma petição de oposição às Olimpíadas de Beijing, sua família está denunciando torturas policiais na prisão. O chinês que defendia maior atenção aos abusos de direitos humanos cometidos pelo regime comunista está isolado e não pode sair da cela. Sua irmã e o grupo de ativistas afirmam que Yang Chunlin está acorrentado a dias na mesma posição e que é forçado a limpar os dejetos de seus companheiros de cela. O homem foi detido em julho na província de Heilongjiang, no Nordeste da China, e formalmente preso um mês depois sob a acusação de ‘subversão do poder do Estado’, uma acusação vaga muito utilizada pela polícia chinesa. Os detalhes do caso não são claros mas a irmã do acusado, Yang Chunping, afirma que ele é pressionado constantemente a confessar o crime e que até gora não teve direito a nenhum tipo de defesa. Operário aposentado, Yang Chunlin, de 52 anos, ajudava outros fazendeiros a buscarem ressarcimentos por terras confiscadas, e antes de ser preso já havia colhido mais de 10 mil assinaturas no documento intitulado ‘Nós queremos direitos humanos, não as Olimpíadas’. Disputas de propriedades e invasões ilegais de terras, provenientes do crescimento econômico por que passa o país, despertaram protestos em várias cidades. Mas as autoridades do governo, freqüentemente apoiadas por investidores, abafam essas manifestações. O confisco de terras é um assunto particularmente delicado, ativistas acusam autoridades de forçarem mais de 1 milhão de pessoas a saírem de suas casas para dar lugar a novos complexos esportivos. – ‘Meu irmão não é um criminoso, ele estava tentando ajudar outros fazendeiros a recuperarem suas terras’ - disse Yang Chunping. – ‘Como eles podem chamar isso de crime?’ Um companheiro de cela libertado recentemente afirma que Yang está sendo submetido a dois tipos de tortura, incluindo uma na qual as pernas e braços do prisioneiro são puxadas por correntes para os quatro cantos de uma cama de ferro. Defensores dos direitos humanos chineses e a rede internacional de ativistas têm acompanhado o caso de Yang e sublinham que o estado do prisioneiro é crítico. ‘Depois de muito tempo na mesma posição, a vítima sente dores por todo corpo. Ele tem de comer, beber e defecar na mesma posição’, disse o grupo em um relatório por e-mail. A tortura é ilegal na China, mas acredita-se que é muito praticada pela polícia e oficiais do governo que se utilizam muito de confissões forçadas para provar crimes.

A madeira feita para tacos e outros instrumentos olímpicos foram extraídos ilegalmente do Tibet, assim como prata, ouro e bronze. Tibet virou lixo atômico da China.

Foda-se se a China é um dos países que mais cresce economicamente, isso não merece respeito. Sou à favor dos direitos humanos e contra as Olimpíadas em Beijing.

sábado, 21 de junho de 2008

Cheiro de mato
Cheiro morno o seu chamego
Tenho sede, o seu suor
É água que eu quero beber...
Lhe faço festa
Faço dengo lhe mordendo
E essa coisa vai crescendo
Lhe derramo em você
Huuuum!

O nosso beijo é doce
Que nem rapa-dura
É uma dor que não tem cura
Que é bom de deixar doer
O mundo pára
Enrolado nesse abraço
E no disparo do compasso
A gente mexe sem querer

Ai! Ai! Ai!Eu quero mais!
Ai! Ai! Ai!Eu quero muito mais!
Eu quero mais
Muito mais dessa brincadeira
Se enrolando na esteira
Coisa boa de brincar
Eu sou que nem
Um vira-lata vagabundo
Meu maior prazer no mundo
É ter você prá farejar

Raul Seixas/ Kika Seixas/ Cláudio Roberto

'Mamãe, eu não queria
Servir o exército."

sexta-feira, 2 de maio de 2008

E me vejo de novo, de olhos fechados, vento soprando, lembrança ridícula. Sorrio, mas não um sorriso normal, um sorriso sarcástico, indiferente, antes disso chorei muito. Eles não vêem arte como eu vejo arte. Uma criança sabe de poucas coisas, alguns dizem. Sem titubear, já me ponho a defender a minha classe, não porque sei muito, mas por não saber nada, hein! O que acha? O ano que vem tudo muda, acho que irei concordar com eles, o ano que vem. Rio de novo e imagino que não seja isso mesmo. Sei que me abrirão novas portas, talvez eu tome o líquido para crescer, talvez eu tome o líquido e diminua, e esqueça da chave em cima da mesa de vidro, sem a chave não poderei abrir as portas que me foram abertas, daí me ponho a chorar. O ano que vem, pode ser que aconteça isso mesmo! Encontrarei uma falsa tartaurga e soldados de cartas irão querer cortar a minha cabeça, talvez, o ano que vem. Pode ser que eu entre pelo espelho também, pode ser que fotografe meninas nuas ou escreva um livro, o ano que vem, talvez, seja uma boa data. Se mudarei de lugar, que assim seja, mas não verei arte como eles, nem venderei arte como eles, ainda me vestirei com um vestido azul, e terei sonhos que não são sonhos, ainda defenderei minha classe. Ainda sentirei saudades e ainda sorrirei sarcástica.

domingo, 23 de março de 2008

inferno astral. de carneiro apaixonado, para carneiro odioso. ciclo difícil o desse ano. espero ansiosa o gozo final, afinal merecemos? às vezes acho que sim, às vezes acho que não. como faço para diferenciar a energia que mereço da que penso que mereço? oras, será que alguém pode me responder. não escondam-se de mim sátiros, sei que têns a resposta, respondam-me ora essa, peço de joelhos, uma ninfa ajoelhada, seu mundo de nariz pra baixo. o quê? a verdade verdadeira? sinto cheiro de tragédias e de coisas absurdas, só espero ganhar um bom papel nisso tudo.

sábado, 22 de março de 2008

Um dia um mago veio e me contou um segredo.Tal segredo dito numa noite de cobertor, com a lua recostada sobre o manto negro lático, disse-me com tal veracidade iluminada que em mim plantou uma semente chamada insaniam. O mago não sei se vi, esse dia naum sei se persistiu, mas sei o que essa semente quer de mim, e não só de mim, como de qualquer um. Pois digo-te ela está crescendo, tanto, tanto, e se expandindo para fora, quebrará com a estrutura que sou, e que somos, nunca cessará, nunca! Ela quer romper com isso, e se você não mudar, tudo bem. Mas à mim não renego, pois semente cravada, não se arranca a raíz e de mim não sai mais, ela conseguirá iá iá, maraia iar iaiaana naraira, rama.
(sem vencê-la, pois o mais difícil é vencer a si mesmo)

Non Je Ne Regrette Rien (tradução)

Não, de jeito nenhum
Não, eu não me arrependo de nada
Nem o bem que me fizeram,
Nem o mal, tudo me parece igual

Está pago, varrido, esquecido
Eu estou farta do passado

Com minhas lembranças,
Eu alimentei o fogo
Minhas aflições, meus prazeres
Eu não preciso mais deles

Varri meus amores
Junto a seus aborrecimentos
Varri por todo dia
Eu volto ao zero

Minha vida,
Minhas jóias
Hoje
Começa com você

Michel Vaucaire/Charles Dumont

a quem dedico

Ontem foi páscoa... e o que comemorei? Bom, comi bacalhau, mas não por não poder comer carne, mas sim, pelo bacalhau estar caro! Sim, cultuamos as coisas caras, graças à deus. E para quem escrevo ora essa? Decidido nesse instante seguido, escrevo para o nada, pois cansei de escrever para pessoas vazias. Então sem hipocrisia, vamos pôr nossas linhas dedicados ao nada, que te escuta e que se cala. Escrevemos para o nada... não escrevemos para deus, não por não acreditarmos nele, e nem para o diabo, por o cultuarmos, escrevemos para o nada, pois o nada é mais ‘entendível’ que tais coisas. Explicado isto, explicarei que meus versos são dotados de certa inocência pagã ignorante misturada com certeza de razão inexistente, aos que entenderam, grata, aos que não, peço que parem por aqui pois as próximas seqüências os deixarão mais sem vontades e mais sem entendimentos. Válidas são essas palavras e ponto final