sábado, 2 de outubro de 2010
Tu não te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas
domingo, 11 de julho de 2010
sexta-feira, 2 de julho de 2010
sobre o término
disse que agora tinha os pés no chão,
disse que me amava... mas que ia embora..
vai príncipe, ser gauche na vida!
sábado, 27 de março de 2010
Primeiras impressões: São Paulo
Ando por cabelos estilizados, escorro por corpos de artistas, beijo bocas sinceras e inquietas, queimo roupas coloridas e diferenciadas. Ainda assim indago sobre a minha existência, momento esse de saudosismo adolescente que me lembra adolescência. O eterno dilema entre o viver e o existir. É triste se achar vazio, mas mais triste do que isso é perceber que o mundo também o é. Vejo isso pela janela, nas antenas coloridas, nas bandeiras, na hora do cafezinho, nos intervalos pro cigarro, nos filmes da TV, no próprio formato dela, nas moças que andam de sapatinhos e saias abaixo dos joelhos, nos homens de camisa e gravata. Lembro-me de Eva, das mulheres revolucionárias, de mamãe, do feminismo, da minha personalidade e mesmo assim quando me sinto vazia como estou, o que me faz sentir menos incompleta, é um antigo amor, não tão artístico que não possa ser chamado de paixão, não tão comum que nao possa ser chamado de artista. E no meio de tanta contracultura o que me salva é o abraço inquieto, o sorriso indiscreto, as mãos deslizantes, o eu te amo sussurrado, os gemidos. O que me salva é o amor do marido, o desejo do filho, a casa desarrumada aos domingos, o almoço em família. Doce contradição, antigo dilema, experiência própria.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
carta a deus
E que assim seja!
A Dionísio
Acordou, mas não quis abrir os olhos. Deitada a beira-mar, com seus cabelos de algas e tranças de flores. Já sentia o sol e a brisa continental. Passou a mão em seu corpo escamoso, as feridas ainda sangravam, mas o sal do mar há de curar. A noite do banho marítimo foi sofrida, mas sofreu calada e adormecera. Agora, só queria ir para casa. Levantou-se, com suas garras membranosas, sentia a areia e até isso lhe doía, mas lembrava-se de como era bonita a cor do mar, do céu e da areia, na conjunção mais perfeita e isso a acalmava. A cidade já acordada, estremecia com a premonição de sua presença. Seguiu seu caminho com a intuição da certeza. Passou pelas barracas de cocos, e os homens assustados não acreditavam no que viam. “Monstro”, “sereia”, “extraterrestre”, ouviu de tudo. Passou pelos carros calmamente. Os carros batiam, pessoas quase foram atropeladas. Crianças choravam, jovens riam, idosos chingavam, mas ninguém a entendia. Subiu em seu apartamento, e as pessoas do prédio saíam assustadas, pegavam suas coisas e se hospedavam em conhecidos. Na frente do espelho, abriu seus olhos e só via uma mulher, cansada, com olheiras, apenas uma noite mal dormida. Fez um chá e não quis comer. Deitou no sofá e ligou a TV. Os telejornais e programas só falavam no ser encontrado na praia. “Quem seria?”, “por que seria?”, “de onde seria?”. Filmagens de cinegrafistas amadores já eram os vídeos mais visitados na internet. O prédio estava cercado, por repórteres, pela NASA, por policiais especiais armados com as últimas tecnologias, pessoas do mundo inteiro, socialistas, anarquistas e religiosos. Seria o novo messias, o novo líder, o futuro da nação? Seria o demônio, a destruição do planeta, o novo presidente dos Estados Unidos?... E o mundo queria saber... O que há faz ser o que é?... “Foi o sofrimento, mundo. Apenas o sofrimento!”.
Foi só o medo, Tristeza. Foi só o medo, Solidão. Foi só o medo, Angústia. Foi só o medo, Vaias. Foi só o medo, mãe. Foi só o medo, pai. Foi só o medo, criança. Foi só o medo, Amor. Foi só o medo, amor. Foi só o medo, Traição. Foi só o medo, Amizade. Foi só o medo, Lealdade. Foi só o medo. Foi só o medo, Futuro. Foi só o medo futuro. Foi só o medo do futuro. Foi só o futuro, Medo.
Martin Luther King
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
sábado, 9 de janeiro de 2010
desvarios
Meus amigos atores são lutadores teatrais e conformistas da arte.
Porque no meu espetáculo, eu entrego os ovos e tomates na entrada.
O que eu posso chamar de meu, cabe em uma mala. Mas o que eu posso chamar de eu, materializado, no mundo não caberia. Porque eu sou a humanidade e a humanidade sou eu.
-Que muralha é aquela ao longe, que antes eu nunca havia visto?
-São formigas, alteza!
-Mas como parecem tão grandes, se tão pequenas são?
-Elas estão unidas, alteza!
Vocês podem me matar, mas não destruirão as minhas ideias. O socialismo teria sido pensado, mesmo se Marx e Engels nunca tivessem existido.
Sobre profissões
Têm muitos no mercado.
Deus, eu posso ser advogado?
Ih, esses então, deve ter dez vezes mais, fora os que não têm diploma.
Posso, então, ser médica?
Imagina, você não aguentaria uma hora diante de um paciente doente. Embora estejamos precisando de bons médicos, desses que não só pensem em dinheiro.
Então, eu posso ser psicóloga?
É uma profissão falida, as pessoas não querem abrir os olhos.
Hum, Deus, eu posso ser funcionária pública?
Desde que não se meta em política.
Então, política nem pensar! Posso ser feirante?
Não, ganha muito pouco e trabalha demais!
Ah, ai... Deus, eu posso, então, ser simples e verdadeira?
Ah, sim, poucos conseguiram vencer nessa profissão, mas quanto maior o número que tentar, melhor!